Miriam Duailibi
O aquecimento global, provocado pelo acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, causa profundas mudanças no sistema climático, cujas conseqüências comprometem seriamente a qualidade de vida da espécie humana no Planeta. O enfrentamento desta questão se apresenta como a mais importante do século XXI, exigindo que a humanidade implemente mudanças dramáticas em seu modelo civilizatório. As alternativas de solução apontam não só para significativas alterações tecnológicas, mas também para mudanças geopolíticas exigindo um repensar no modelo de desenvolvimento.
O cenário das Mudanças do Clima é complexo, multidisciplinar e abrangente e, de uma forma ou de outra, em maior ou menor escala, suas conseqüências afetarão a todos em todos os lugares. Estas serão tão mais dramáticas quanto menos preparado e mais pobre for um país, uma região, uma comunidade.
O que mais nos chama a atenção, entretanto, é que a maioria das pessoas, mesmo quando compreende do que se está falando, desconhece as conexões existentes entre a emissão de gás carbônico de seu carro e o aumento da temperatura da Terra; o desmatamento da Amazônia e a desertificação em partes do sul do país; a imensa quantidade de lixo que produzimos e a subida do nível dos oceanos, a impermeabilização de solos e as enchentes...
A população, em seu senso comum, tampouco se encontra alerta para as ameaças ao setor de saúde pública que o aquecimento global pode conter, tais como a migração de vetores de contaminação, assim como ainda não tomou ciência da gravidade da questão das migrações climáticas e seu significado sobre a segurança pública e a qualidade de vida nos grandes centros urbanos bem como nos impactos nas áreas rurais.
Em nosso país, pouco ou nada tem se discutido sobre adaptação, menos ainda em como as comunidades mais vulneráveis vão se preparar para conviver com as novas condições do clima. Tampouco se percebe um esforço coordenado no sentido de traduzir à sociedade - de forma compreensível, porém substancial - a crise ambiental, sua interface com a crise financeira e com o agravamento da pobreza.
O contexto das negociações sobre o clima, os avanços tecnológicos disponíveis, as práticas locais sustentáveis, o conhecimento acumulado pelas comunidades, os desafios, os obstáculos, as oportunidades e os riscos e a formulação de políticas públicas justas e adequadas devem ser partes fundantes do debate climático.
O WWF-Brasil e o Instituto Ecoar entendem que a Educação Ambiental brasileira, em sua missão transformadora, pode desempenhar um papel essencial na promoção de uma profunda reflexão sobre o paradigma vigente, no estímulo ao engajamento da sociedade, na disponibilização de aporte teórico aos educadores e agentes sociais para que estes possam atuar qualificadamente no combate ao aquecimento global, tanto no plano educativo como na implementação de projetos práticos (conservação de florestas, redução da pegada ecológica, energia, construções verdes, consumo sustentável, reciclagem, agricultura sustentável), assim como na redução de nosso impacto no meio ambiente e na influência de políticas públicas que contribuam com a construção de sociedades sustentáveis.
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